Publicado em: 19/11/2016 por Kas Hoshi
Caixa Carpe Diem nº 130 entregue ao professor Maurilio Camello (Foto: Kas Hoshi)
Carlos Drummond de Andrade escreveu em seu poema “Lembrete” o seguinte: “Se procurar bem você acaba encontrando./ Não a explicação (duvidosa) da vida,/ Mas a poesia (inexplicável) da vida.” É por este caminho que segue a Caixa Carpe Diem, ideia do aluno do 1º ano de Filosofia da Faculdade Dehoniana, Douglas Jefferson Mariano.
O projeto se baseia na frase do livro “Odes” escrita pelo poeta e filósofo da Roma Antiga, Quinto Horácio Flaco. “Carpe diem, quam minimum credula postero“, que é traduzido como “aproveita o dia, minimamente crédula no amanhã”. Segundo o Livro “Odes e Canto Secular” organizado por Heloísa Penna e Júlia Avellar, o trecho adverte sobre “a incerteza do que virá e aconselha a aproveitar ao máximo o presente, mas com a devida prudência”.
“Carpe Diem também me remete ao termo filosófico “amor-fati“, presente entre as correntes estoicas e, mais contemporaneamente, à Friedrich Nietzsche”, afirma o autor da Caixa. De acordo com Douglas essa é uma filosofia de reconciliação com o mundo no tempo presente. “É um ‘empurrão’ para que nós aproveitemos o agora e não deixemos para ‘viver a vida’ somente amanhã ou depois. A Caixa Carpe Diem se apoia substancialmente nessa ideia.”
Ela possui poemas que vão de Dante Alighieri e Shakespeare até Paulo Leminski e Carlos Drummond de Andrade distribuídos em 31 papéis dobrados, que possui além do poema, uma frase e/ou texto reflexivo e uma ação que a pessoa deverá fazer durante o dia (por exemplo: abraçar alguém, fazer um novo amigo, dizer “eu te amo”, etc.). “As três partes se complementam, visando a contemplação da arte poética, a reflexão do texto (ou frase) exposto e a realização da atividade oferecida”, explica Douglas.
Caixa número 9 em Fort Mill, Estados Unidos da América (Foto: Claudia McClure)
A regra diz que apenas um papel deverá ser retirado da caixa por dia e quando todos os papéis acabarem, ela deverá passar a caixa pra outra pessoa, criando uma corrente de poesia. A postagem que divulga a ideia nas redes sociais indica: “O projeto é de caráter social, não individual, portanto é de relevantíssima importância passar a caixa adiante assim que tiver terminado de usufruí-la integralmente”.
As Caixas Carpe Diem já somam mais de 260 no mundo todo, contando com mais de 300 participantes do projeto. “Desses, 298 moram no Brasil (havendo participantes em todos os 26 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal), 2 nos Estados Unidos, 2 em Portugal, 1 na Bolívia, 1 na Guatemala e 1 no México”, indica o criador.
Ele certifica que não há nada de mágico nas caixas e que elas são “apenas catalisadores que estimulam o que há de belo no coração das pessoas”. O estudante alega que as caixas levam a agir e intervir no mundo, criando momentos inesquecíveis, fazendo belas histórias passarem da inexistência para o Ser, transformando em ato “as mais incríveis potências”.
A ideia do projeto nasceu quando Douglas desejou presentear uma pessoa com uma simples caixa de poemas em 2014. Mas só foi no primeiro dia de 2015, que ele e sua amiga, Natália Cruz, deram uma forma maior ao simples presente. “Foi aí que estabeleci que, de alguma forma, levaria a iniciativa para todos os Estados do país e tentaria, através das caixas, poder enternecer um pouco a vida das pessoas.”
Com ajuda de outras amigas, a caixa obteve de Barbara Felipe, a ideia de adicionar uma proposta de ação à cada poema, e de Ester Barroso, dona da página no Facebook “Moça, você é mais poesia do que mulher”, a potencialização do alcance do projeto.
Além de trazer reflexão para a vida daqueles que adotam a ideia, a Caixa pode ser feita pela própria pessoa, bastando seguir as orientações: uma caixa de 16 por 20 centímetros no mínimo, um envelope e impressora pra poder imprimir os poemas enviados por e-mail.
Douglas já colhe os frutos com os depoimentos escritos ao final de cada Caixa. “Teve gente que voltou a falar com a própria mãe por causa do projeto, adotou um cachorrinho, fez novos amigos, passou a guardar a merenda da escola para, mais tarde, dar aos mendigos”, conta o futuro filósofo que se sente contente em saber que seu projeto tem sido a causa de inúmeras histórias e sorrisos.
O aluno Douglas Jefferson entrega a Caixa Carpe Diem ao professor Maurilio Camello (Foto: Kas Hoshi)
Um dos últimos participantes do projeto foi o Professor da Faculdade Dehoniana, Maurilio Camello. “A Caixa Carpe Diem que esteve em minhas mãos por alguns dias trouxe-me o maravilhoso dom de luar e rosas”, escreveu em seu depoimento fazendo alusão à poeta portuguesa Florbela Espanca que compara o estar perto da poesia como o haver luar e rosas.
“Ao fechar a Caixa [Carpe Diem], chamo meu patrício mineiro Carlos Drummond de Andrade, para me ajudar a exprimir o sentimento e a certeza que me ficam: “mas as coisas findas/muito mais que lindas/essas ficarão”. As coisas lindas não findam, permanecem”, depôs o professor.
O idealizador expõe que um dos maiores intuitos com o projeto é de despertar a consciência da vida nas pessoas, fazendo elas perceberem o “quão maravilhoso, único e extraordinário é viver”. “Se ternura gera ternura e cada participante passar, ao menos um pouco disso para cada um de seus conhecidos, nossa sociedade poderá se tornar um pouco melhor.”
Saiba Mais
Acesse o projeto Caixa Carpe Diem por meio deste link.
Interessados podem enviar e-mail para participar: caixacarpediem@outlook.com
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