Publicado em: 10/10/2024 por Kas Hoshi
Texto por Pe. Eduardo N. Pugliesi, scj
Na segunda feira, 30 de setembro, a pedido do Superior Geral, Padre Carlos Luis, eu, P. Eduardo Pugliesi, scj, tive a oportunidade de participar (em modo online) da conferência denominada “Creation Day: A New Liturgical Feast?”, promovido pela International Union of Superiors General, em comunhão com o Movimento Laudato Si’ e o Instituto de Pesquisa Laudato Si’. Este evento, que contou com muitas presenças no UISG’s Headquarters (Piazza di Ponte Sant’Angelo 28 – Roma) e mais de uma centena de pessoas de todo o mundo conectadas remotamente, teve basicamente dois objetivos: apresentar o histórico do envolvimento de diversos grupos cristãos na causa da preservação da Criação e estimular os diversos institutos de Vida Consagrada a que sejam signatários de uma carta que será enviada ao Santo Padre, solicitando a elaboração de um dia litúrgico em que o Mistério da Criação fosse específica e explicitamente contemplado.
Foi, certamente, muito interessante saber que este tema, há algumas décadas, desperta o interesse de diferentes Igrejas Cristãs. Em 01 de setembro de 1989, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Dimitrios, publicou uma carta encíclica denominada “Encyclical Letter on the Day of Protection of the Environment”, na qual declarava o primeiro dia de setembro de cada ano como jornada de orações de ação de graças e súplicas pela Criação. Um tocante e ecumênico trecho desta encíclica afirma: “We invite… the entire Christian world to offer prayers and supplications to the Maker of all… as thanksgiving for the gift of creation and as petitions for its protection and salvation. At the same time we urge all the faithful to … respect and protect the natural environment…”.
Nas últimas décadas, outras organizações cristãs também manifestaram simpatia e interesse neste tema. Quando em 24 de maio de 2015, o Papa Francisco publicava a Carta Encíclica Laudato Si’, a Igreja Católica, na pessoa de seu pastor supremo, manifestava de modo contundente a preocupação com o meio-ambiente. Desta Encíclica, diversas iniciativas concretas surgiram (como, por exemplo, os supracitados Movimento Laudato Si’ e o Instituto de Pesquisa Laudato Si’). Em março de 2024, teve lugar em Assis um encontro ecumênico histórico para explorar uma proposta de elevar a observância do Dia da Criação, já difusa como “Dia de Oração” em diversas confissões cristãs, a uma festa litúrgica oficial, de sensibilidade ecumênica, comemorando o grande mistério da Criação.
Evidentemente, perguntou-se sobre a conveniência de um ato como este. Muito interessante foi tomar conhecimento que na tradição litúrgica da Igreja Ortodoxa, o Mistério da Criação é celebrado não somente em um dia, mas em um “Tempo”. Fazendo, pois, um estudo no campo da “Liturgia Comparada”, o caso da riquíssima tradição ortodoxa figura como um precedente importante. Pensando, por exemplo, no campo litúrgico do Rito Romano, quando comparamos lex credendi (Credo Niceno) com lex orandi (Calendário Litúrgico Romano), percebemos um grande descompasso entre a abundância de celebrações do Mistério da Redenção e a ausência de explícita celebração sobre o Mistério da Criação (ver quadro abaixo).
Com todas estes dados e, sentindo a urgência de um maior envolvimento (inclusive litúrgico) no cuidado para com a “Casa Comum” (LS 1), frente a tantos desastres naturais que demonstram que as mudanças climáticas estão em acelerado curso, a International Union of Superiors General se uniu a uma série de outros organismos da Igreja para escrever e enviar uma carta ao Santo Padre, solicitando a elaboração de um dia litúrgico em que o Mistério da Criação fosse específica e explicitamente celebrado. Cada Instituto de Vida Consagrada é convidado a ler, apreciar e assinar este documento.
Por fim, é interessante notar, também, que o Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos emitiu uma nota no dia 18 de março, manifestando a simpatia pela possibilidade de futuros (e litúrgicos) desenvolvimentos da Giornata Mondiale di Preghiera per la Cura del Creato. Gratos, assim, ao Criador do céu e da terra por todos os seus benefícios, permaneçamos conscientes, orantes e zelosos pela nossa “Casa Comum”. Aguardemos, com esperança, os próximos passos e a opinião do Santo Padre a este respeito.
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