– Texto por Aline do Amaral/ Colaboração: Kas Hoshi
Há em nossa sociedade diferentes representações sobre a morte, permeada, sobretudo, pela religião e pela cultura.
Foi com esta temática que os alunos do terceiro ano de Filosofia dramatizaram, nesta sexta-feira, 01, um enterro durante a aula da disciplina de Antropologia Filosófica ministrada pelo Prof. Dr. Silvio Costa. Os alunos Erick Tadeu da Cunha, Erik Parraga, Gilmar Aparecido, Renan Matheus e Thiago Camatta representaram criativamente o tão temível acontecimento do processo existencial.
Inevitável e amedrontador, a morte é condição necessária da pessoa humana e não processo seletivo, impedindo que a banalização da vida se torne imperativa na modernidade, que privatiza e mercantiliza a morte como um produto do capitalismo exigindo da sociedade o repúdio ao processo natural, terceirizando-a.
Foto: Kas Hoshi
Categorizado pela integração da dimensão bio-psíquico-espiritual, a pessoa humana em sua natureza é a todo momento impelida pelos anúncios que trazem a tona a mudança da realidade, pois, segundo Papa Francisco, “a morte desnuda a vida”.
Acolher a morte como um elemento preponderante da certeza misteriosa que faz o desfecho final da existência de cada indivíduo é um ato propriamente humano. Com a participação ativa nos diversos âmbitos culturais, a pessoa humana, regida por ritos e tradições, homenageia a morte com os mais diversos aspectos, desde o modo como é feito o anúncio até no momento que o corpo será enterrado ou cremado, cada qual de acordo com a sua cultura.
O processo de aceitação da ausência da presença do outro é uma contínua preparação que exige muito mais o deslocamento do passado para uma nova realidade que se forma.
Foto: Kas Hoshi
A morte ecoa o que há de mais sublime e humano na existência: O mistério. Há quem diga haver a ruptura do corpo da alma e há, no entanto, outros à espera ansiosa pela reencarnação, e outros ainda, pela simples aceitação do fato como encerrada.
Portanto, o que interessa a nós mortais e inseridos na vida enquanto contendo-a é eternizar o momento presente alegando a posteridade a presença fecunda de existir.
Já dizia Martín Heidegger, o que é o homem se não um “ser para a morte”. A Filosofia diante desse acontecimento cabal cessa a argumentação, pois a razão ilimitada na existência se vê limitada na morte e cabe a uma crença a continuidade desse processo que era, é e continuará sendo um mistério. Encerrar este assunto a unicidade da explicação é uma tentativa fadada ao fracasso, até aqui a Filosofia ousa frutificar a sua existência, sendo o nascimento e a morte como um conjunto inefável e inquestionável do mistério sobre a vida.
Foto: Kas Hoshi
Ficha técnica
Defunto – Erick Tadeu da Cunha
Morte – Erik Parraga
Condutor do cortejo fúnebre – Gilmar Aparecido
Padre – Renan Matheus
Introdução do trabalho – Thiago Camatta